A passagem de um mês da invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, traz algumas sinalizações dos reflexos dessa operação militar para a economia brasileira e da Serra Gaúcha. Infelizmente, em virtude da falta de perspectiva de uma resolução rápida do conflito, o cenário é de alguns impactos negativos já imediatos e de incertezas em relação ao médio prazo. Embora ambos países não sejam, atualmente, mercados com grande volume de negócios com a região, as exportações para a Rússia renderam 6 milhões de dólares, e para a Ucrânia 1 milhão de dólares, em 2020, conforme dados do sistema Fiergs. A contabilização considera a base de associados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), que representa mais de 3,3 mil empresas de 17 municípios, juntas responsáveis por 52 mil postos de trabalho e um faturamento anual de R$ 23 bilhões. Retirada do Swift – O primeiro efeito prático da guerra para as relações comerciais adveio de uma das sanções impostas à Rússia, de retirada do Swift, serviço de telecomunicação entre bancos no mundo. Com isso, as transferências financeiras internacionais com o país ficam impedidas, paralisando o fluxo de importações e exportações. Esta situação tem forçado empresas com entregas a realizar, para clientes russos, a buscar alternativas, como por meio de instituições bancárias chinesas. Ao mesmo tempo, existem problemas para a entrega das mercadorias devido à interrupção do transporte marítimo em direção à Rússia. Em princípio, com a diminuição do fornecimento à Rússia pelo mercado europeu, o contexto que se formou poderia indiretamente gerar oportunidade de mais vendas por parte de empresas brasileiras, por exemplo. Contudo, tais condições restritivas dificultam sobremaneira essa possibilidade. Com o mercado globalizado, um conflito dessa magnitude tem repercussões em todas as esferas. A Rússia é um grande fornecedor, para a Europa, de commodities como trigo, petróleo e gás natural, o que impacta a formação internacional de preços. Reflexos indiretos – E aqui temos os impactos indiretos, alguns já em discussão no Brasil, como a redução do fornecimento de fertilizantes, o que pode atingir o agronegócio. A solidez deste setor nos permite confiar que as alternativas de fornecimento de insumos estejam consolidadas. Contudo, é algo que exige atenção, uma vez que o segmento metalmecânico da nossa região é um importante fabricante para a cadeia do agronegócio nacional. Além da pressão por riscos de abastecimento e atrasos em cadeias produtivas nos produtos básicos, há uma preocupação nos mercados de capitais, capaz de gerar uma desaceleração econômica em todo Ocidente – especialmente se houver risco à produtividade europeia com a interrupção do fornecimento, pela Rússia, do gás natural massivamente utilizado pela indústria alemã, maior economia do continente. Nesse sentido, uma solução se encaminha com a substituição do suprimento por parte dos EUA. Risco de agravamento – Por fim, o pior dos cenários seria o de um ataque russo a um país membro da OTAN, como a Polônia (em alguma operação na fronteira com a Ucrânia) ou os países bálticos, capaz de gerar uma reação da aliança militar e precipitar um conflito para o qual o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já insinuou o uso de armas nucleares. A extensão da guerra, portanto, pode levar a repercussões desastrosas para muito além da economia. De tal modo que nossa expectativa primordial é de que sejam cessadas as ações bélicas e que se encontre uma resolução diplomática o mais brevemente possível para a crise humanitária. Para um segundo momento, será preciso colaboração internacional para se contornar o quadro inflacionário pós-pandemia agravado pelo conflito, preparando caminho para uma recuperação econômica que se vislumbra como possível apenas a partir de um médio prazo. Imagem: Divulgação |

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