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ARTIGOS, DESTAQUES DO DIA

Medos

Por Rogério Gava

Das muitas tiradas geniais do saudoso Mário Quintana, guardo uma em especial: dizia o poeta que “o mal dos aviões é que não se pode descer a toda hora para comprar laranjas”. Eu, que prefiro guardar distância de aeroportos e sou cliente assíduo das tendas de beira de estrada, assino embaixo. Tá certo, ver a paisagem lá de cima até que é legal. Mas melhor ficar por aqui embaixo mesmo. Qualquer problema, pelo menos dá para correr.

Essa história de avião me faz pensar nos tantos medos que nos afligem. Hoje, nossos medos se potencializaram. Como comenta o filósofo Luc Ferry, temos medo de tudo. Do efeito estufa, do sal, da velhice, dos hormônios do frango, dos agrotóxicos, do colesterol, da infecção hospitalar, de perder o emprego, do açúcar, do câncer, do microondas, dos raios solares, dos transgênicos. Como Ferry vive na França, teríamos que acrescentar à lista medos mais brasileiros: de assalto, de sequestro relâmpago, de bala perdida, da violência no trânsito. Enfim, a lista é grande.

É claro que existem medos bem reais. Medo de um acidente ou de uma cirurgia. Mas – nos ensina o filósofo – há outros medos a nos importunar. Por exemplo, o medo social. O medo do olhar do outro, da reprovação alheia. Isso explica o pavor quase universal de falar em público, que tanto assombra os universitários na época das bancas. Há também os medos psíquicos, as fobias. Medo de ficar trancado no elevador, de multidões, de aranha. Existem ainda as obsessões, espécie de medo mais neurótico: fechei o gás? A porta da garagem?  Melhor voltar para conferir…

O maior medo de todos, contudo, é o medo da morte. Aliás, a grande maioria de nossos medos nada mais é do que o medo da morte disfarçado. Dissimulado. A morte é o nosso medo dominante, que dá vida a quase todos os outros. Tememos pela nossa própria morte. Tememos, muito mais, pela morte daqueles que amamos. O terror de nunca mais vermos quem mais queremos. É por isso que as religiões fazem tanto sucesso. Elas nos aliviam do pânico da morte, dizendo que depois há algo mais. Que vamos todos, algum dia, nos reencontrar. Nesse sentido, a religião dá de dez a zero na morte.

Eu sei, o medo tem seu lado bom, quando serve como mecanismo de defesa. É o que ocorre quando evitamos uma rua escura e erma à noite. Sobrevivemos como espécie, também, graças ao medo inteligente. O medo que nos protege e nos afasta dos perigos. E nada mais perigoso do que não ter medo algum. O problema, contudo, é quando o medo nos paralisa. Nos parasita. E aí passamos a ter medo de tudo. Da mudança. Do futuro. De tentar. Do que os outros vão falar. Então, aprisionados pelo medo, deixamos de viver.

Se vencer totalmente o medo é impossível, sucumbir a ele é covardia. Encarar nossos medos de frente, pesá-los e não nos deixar enganar por eles. Saber diferenciar o que é medo real e o que é produto das nossas limitações e imperfeições. O que é desculpa para continuarmos na segurança ilusória da acomodação. Tarefa difícil, bem sei. Mas, sem risco, nada se faz. Nada se alcança. E, afinal, como bem ensinou Guimarães Rosa, viver é negócio muito perigoso, e o que a vida quer da gente é coragem.

Do livro “FELICIDADE”.

23 de outubro de 2023/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2023/10/pexels-pixabay-247314.jpg 634 1022 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2023-10-23 17:33:172023-10-23 17:46:26Medos
ARTIGOS, Cultura e Entretenimento, DESTAQUES DO DIA

A Felicidade na Voz dos Mestres

Por Rogério Gava

 

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A FELICIDADE
Vinicius de Moraes, Antônio Carlos Jobim

 

FELICIDADE NÃO SE PROCURA

“Felicidade se acha em horinhas de descuido”, disse poeticamente o grande Guimarães Rosa. “Só existe felicidade inesperada”, ensina o filósofo Comte-Sponville. Duas afirmações e um só sentido: a felicidade não se premedita, não se persegue como a um objetivo ou meta.
Encontramos a felicidade quando menos a buscamos, lá onde imaginamos ela jamais pudesse existir. A felicidade é aquilo que achamos quando não saímos para procurar. E aí, então, estamos felizes…e pronto! Simplesmente. Como escreveu o Drummond, “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.

 

FELICIDADE ANTECIPADA

“O melhor da festa é esperar por ela”, diz o ditado. Agradável verdade. Ser feliz por antecipação já é estar feliz. Sentir o prazer das férias por chegar. De um jantar a dois que se aproxima. De um gole na cerveja que gela. Amostras de uma felicidade vindoura que são, de antemão, a própria felicidade.
Ser feliz é sentir o aroma da deliciosa comida e ter o prazer anunciado de saboreá-la. Sempre na confiança, é claro, de que a felicidade esperada se concretize. Ser feliz é também confiar que tudo vai dar certo. Mesmo, que, saibamos, nada, nunca, estará garantido.

 

FELICIDADE É ACEITAÇÃO

A respeito da felicidade, anotou Camus: “(…) o que é a felicidade senão o simples acordo entre um ser e a existência que ele leva?”. Estar feliz com o que se é e o que se tem. Fácil escrever; difícil praticar. Mas, sem dúvida, esse “acordo de cavalheiros” entre o que somos e o que gostaríamos de ser é essencial para sermos, se não mais felizes, por certo menos infelizes.
Há coisas que não mudamos: a perda de uma pessoa querida, frustrações passadas, erros cometidos. Ser feliz é também aceitar o que não pode ser modificado. Tão importante quanto, porém, é saber que podemos sim, mudar como encaramos o que a vida nos trouxe, nossa percepção a respeito de tudo o que nos sucedeu. A felicidade não é uma aceitação complacente, derrotada. É, sim, um consentimento lúcido e voltado para o futuro.

 

FELICIDADE PACIENTE

Camus, novamente, nos fala que a felicidade “é também uma longa paciência”. Aprender que “amanhã é outro dia”, e que o tempo é senhor do mundo. Saber que há a hora da semeadura e da colheita, e que não adianta levantar o fogo para apressar ao assado. O escritor e psicanalista Hélio Pelegrino, certa vez, disse que a impaciência era o pior dos pecados. E que precisamos ter uma longa e interminável paciência. Verdade. A felicidade é uma velha panela de ferro, lentamente esquentando sobre o fogão a lenha.

 

FELICIDADE É AGORA

Fala Montaigne: “Nunca estamos em nós; estamos sempre além. O temor, o desejo, a esperança, jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentido e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora então já não sejamos mais”. Somos reféns do futuro, sempre a esperar. Cegos ao que temos hoje, não cessamos de nos preocupar com o que nos falta. Desviados do único caminho real, o agora, é certo que mais e mais nos enredamos em confusão.
Ouçamos Epicuro: “Tu, que não és do amanhã, adias a vida; e essa vida perece pelo adiamento. Ao final, todos nós morremos atarefados”. O que esperamos da vida é a felicidade, e, muitas vezes, passamos a vida inteira esperando por ela. Frustrados, vamos à caça da última novidade tecnológica, de diversões e prazeres que nos façam esquecer o vazio. Abarrotamos a vida de compromissos urgentes. E esquecemos o essencial. Paradoxalmente, o imperativo da felicidade é justamente o que mais afasta o homem do “ser feliz”.

 

A FELICIDADE SE ESCONDE DENTRO DE NÓS

Tal e qual a caricatura do idoso a procurar os óculos por toda a casa, apenas para encontrá-lo sobre o nariz, seguimos buscando a felicidade que se escancara a nossa frente. Procuramos o que já temos? O poeta francês Chamfort nos dá uma pista da resposta: “a felicidade não é coisa fácil: é muito difícil encontrá-la em nós e impossível encontrá-la em outro lugar”.
O culto da felicidade já provou ser um engano. A felicidade não é um dever. Tampouco um prêmio. A felicidade é o que ela é: um mistério; uma brisa que passa; uma gota de orvalho que tão logo nasce já se esvai. Nos resta vivê-la. E parar de procurá-la.

3 de novembro de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/11/felicidade-saude-leveza-iStock-927402888-1.jpg 397 640 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-11-03 15:53:042022-11-03 15:54:40A Felicidade na Voz dos Mestres
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Crônica ROGÉRIO GAVA: “Odisseia”

 

 

 

Por Rogério Gava

 

No princípio, era o “nada”.
O absurdo da não-existência de tudo.
Ou melhor, de quase tudo, pois, dizem os cientistas, todo o universo estava então comprimido em um átomo. Estonteante pensar. Impossível compreender. Mas parece que assim foi.
Eis que em um trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de segundo (pelo menos é o que se presume) esse átomo se expande ao tamanho de uma bola de futebol (o que se chama de inflação cósmica). Todo o cosmos em uma pelota. Fervendo a uma temperatura de dez trilhões de trilhões de graus (mais números inconcebíveis). Começava, assim, efervescente, a nossa história.
Um segundo após essa loucura universal surgem os primeiros prótons e nêutrons. E assim ficarão, solitários, por longos trezentos e oitenta mil anos. Até entrarem em cena os primeiros átomos, combinações simples de Hidrogênio e Hélio.
Estamos agora na “época da recombinação”, há treze bilhões e oitocentos milhões de anos. O universo é um todo transparente. Totalmente imerso na mais inimaginável escuridão. A luz ainda não surgiu. Uma idade das trevas cósmica. Absurdamente sombria.
Uns meros duzentos milhões de anos se passam e aparecem as primeiras estrelas e galáxias, essas mães aglutinadoras. A luz se faz presente. Essa luz que dá forma ao mundo. Esse milagre que dá sentido a tudo o que concebemos. Fez-se a luz – Fiat Lux! E com ela a vida.
Passarão quase dez bilhões de anos para a ignição cinematográfica do Sol. Depois, os planetas, dentre eles a nossa Terra. De quem mais tarde se desgarraria a Lua. O Sistema Solar, nosso endereço cósmico, caixa postal da humanidade, está formado.
No pontinho pálido, terceiro planeta a contar da estrela-mãe, um caldo começa a ferver. Por três bilhões de anos apenas organismos unicelulares pululam nessa sopa, berçário dos seres vivos. E então, seiscentos milhões de anos correm, e os primeiros organismos pluricelulares aparecem. A complexidade ganha espaço.
Nos próximos duzentos milhões de anos a vida seguiria totalmente submersa. Nenhum sopro de existência a animar as porções de terra. O tempo escoa, e com ele uma tímida e pequena vegetação costeira começa a surgir. Era o princípio da vida na superfície.
Répteis são os primeiros vertebrados a se arriscarem para fora da água. Depois deles, os corajosos anfíbios e os antepassados dos mamíferos. Será por “pouco tempo”: todos desaparecem quando os dinossauros dominam o cenário. Esses serão os reis absolutos da Terra por cento e quarenta milhões de anos. Até sumirem por completo, quando, há sessenta e cinco milhões de anos, um meteoro gigantesco explode onde hoje é o Golfo do México. A Terra é trevas novamente.
Aos poucos, volta a vida. Oportunidade para os mamíferos – descendentes dos répteis – voltarem à cena. Dos mamíferos aos primatas, foi um “pulo”. E deles para nossos parentes hominídeos. Andar de quatro, andar bípede. Polegar opositor. Homem de Neandertal, só para citar algumas marcas dessa epopeia. Um romance de sessenta milhões de anos que desembocou no Homo Sapiens.
Nesse panorama, cem mil anos não são nada.
Dez mil anos não são nada.
Dois mil anos que nos separam do Cristo não são nada.
No grande relógio cósmico somos seres do último milésimo de segundo.
Na “grande história” somos figuras insignificantes.
Motivo para a humildade.
Motivo para saber que nada sabemos de nada.
Motivo para nos maravilharmos com o “Grande Mistério”.
A “Odisseia da Vida” segue seu curso…indiferente a nós.
Até quando?

* * *

16 de setembro de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Odisseia.jpg 352 567 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-09-16 16:14:412022-09-16 16:18:20Crônica ROGÉRIO GAVA: “Odisseia”
ARTIGOS, DESTAQUES DO DIA

Crônica Rogério Gava: Por que não leio E-books

Por Rogério Gava

 

Confesso, eu não leio e-books. Em termos de livros, sou jurássico irredutível. E-books não têm vida. Nem perfume. São assexuados. Não há nada para acariciar aí. Nada de tinta em relevo sobre o papel. Nada da espessura das páginas. Do amarelo opaco das folhas a aconchegar os olhos. Do peso do volume. Das capas duras magníficas. E-books são tristes. Bits encarcerados em um HD. Luzes piscantes. Pixels sem gosto. É impossível agarrar um e-book com prazer. Aliás, é impossível agarrar um e-book, pois ele é um fantasma. E agarrar fantasmas, além de impossível, dá calafrios só de pensar. E-books não são livros, me perdoem os entusiastas.
A leitura é uma experiência tátil – páginas que crepitam sob os dedos –, já disse o grande Umberto Eco. O prazer de dedilhar as folhas. De reconhecer a textura do papel na ponta dos dedos. De acariciar a capa. De apalpar a encadernação. De sentir o aroma inconfundível de um livro, seja novo ou velho. Tenho em casa livros que poderia reconhecer de olhos vendados, só pelo cheiro. Ler é uma aventura também corporal, sensorial. Anatômica. Impossível de se ter em um e-book. Livro é beijo da pessoa amada. E-book é ver duas pessoas se beijando na televisão. Livro é paisagem a olhos vivos. E-book é fotografia.
E-books, ainda, afastam um prazer indissociável da leitura: o prazer de estar entre livros. De formar uma coleção caseira – pequena ou grande, pouco importa – e de admirá-la na estante. De retirar e colocar os livros de volta nas prateleiras, trocá-los de lugar a toda hora para que experimentem nova vizinhança. De espanar os volumes para livrar-lhes do pó nosso de cada dia. De lembrar da história de cada livro. Uma biblioteca é uma memória viva. O leitor e a leitora com certeza têm em casa livros com histórias para contar: quando foram comprados, onde, por que motivo, se foram presente de alguém. Possível ter tudo isso com e-books? Nem precisa responder.
Mas, não adianta, na economia de mercado livros são mercadorias, suscetíveis às transformações da oferta e da procura, da tecnologia e da inovação. Assim, é perfeitamente concebível que esse tal de mercado – que teima a tudo e a todos controlar – acabe decretando o fim do livro. Triste, mas possível. De minha parte, porém, sigo imaginando um mundo onde as bibliotecas aconchegantes com cheiro de madeira continuarão a existir. Um futuro onde o livro estará presente. Tremo diante daquelas visões de futuro onde todo o conhecimento será digital, virtual, eletrônico, quer dizer, totalmente sem graça. Nem me fale!
Saudosismo antecipado? Pode ser. Mas prefiro um futuro onde as crianças – meus doces netos que peço a Deus eu venha conhecer – continuarão a carregar livros para a escola e a trazê-los de volta. Onde dedicatórias passadas de pai para filho permanecerão vivas como no dia em que foram escritas. Onde os sebos – esses redutos maravilhosos de livros usados e antigos – estarão aí para matar a saudade dos velhos e bons livros de sempre. Onde, então, a insubstituível poesia da palavra impressa estará resguardada de seu derradeiro e irremediável fim.

17 de agosto de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Rogerio-Gava-1.jpg 580 912 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-08-17 16:11:442022-08-17 16:13:08Crônica Rogério Gava: Por que não leio E-books
ARTIGOS, DESTAQUES DO DIA

Crônica Rogério Gava: A Ética Nossa de Cada Dia

 

 

 

Por Rogério Gava

 

Você vai ao restaurante com a família. Na hora da conta, vê que o garçom se esqueceu de anotar parte do pedido. Dois pratos, na verdade. Cem Reais. O diabinho em seu ombro esquerdo (ou direito, tanto faz, o errado não tem lado) vibra de alegria. De contentamento. De emoção. Que trouxas, vamos aproveitar logo, antes que percebam.

Eis, no entanto, que do ombro extremo acena o anjo da boa conduta. Ele lhe diz que isso não vale a pena, pelo único e simples motivo de não ser correto. Afinal, o pessoal do restaurante trabalhou, são pessoas como você, estão aí, ganhando a vida, e não se pode aproveitar das pessoas desonestamente.

Não há nenhuma lei que mande você avisar o garçom. Você não será preso se não o fizer. Mas a essência do que denominamos de “ética” reside justamente nesse aspecto crucial: “vedar o que a lei não veda”. Nenhuma lei proíbe o egoísmo, a maldade, o ódio. Ninguém é preso por desejar o mal a outrem. Quem me veda de ser um crápula não é a lei: é a consciência de que isso é desprezível. A verdade é que há coisas que a lei não veda, e que, no entanto, não devemos realizar. “Non omne quod licet honestum est”, já diziam os romanos, ensinando que “nem tudo o que é legal é honesto”. A ética de um homem deve ser mais exigente do que a legislação.

Voltemos ao restaurante: você renuncia ao seu próprio interesse e adverte o garçom sobre o erro. Você se proíbe de levar vantagem. Você impõe limite ao próprio egoísmo. Isso se chama “ética”. Você “perdeu” cem Reais. Com certeza seria ridicularizado por muitos. Que bobalhão! Ao sair do restaurante, você se olha no espelho e fica satisfeito com quem vê. Na verdade, você ganhou muito mais do que o valor que pagou.

Ética é generosidade; ética é compaixão. Ética é tolerância. É colocar-se no lugar do outro e enxergar os interesses do todo acima dos seus. É lembrar que, apesar das diferenças e acima delas, estamos todos em um mesmo barco. A ética é a base de nossa sociedade democrática e só o que a mantém razoavelmente possível.

Essa ética, nascida no bojo da revolução humanista e que nos aquece até hoje, tem como princípio supremo o respeito pelo outro, o que não é fácil, egoístas que somos por natureza. A ética nos pede um esforço sobre nossos desejos. Quando isso não acontece, instala-se o caos.

Veja a corrupção: no Brasil (e em vários países, é bom que se diga sempre) ela graça. Parece ser um vício universal. A corrupção contamina. Vicia. É nojenta e perniciosa. E o que é a corrupção senão a total falta de ética, de respeito e consideração por aqueles que vão conosco pela estrada?

Ética começa em casa. Começa no coração de cada um de nós. A corrupção não mora só nos governos. Na política. Ela mora no dia a dia, na escola, no estacionamento, nas ruas. A ética torna nossa vida em sociedade minimamente possível. Sem ética acabou-se o futuro. Sem ética estaremos no inferno.

* * *

5 de agosto de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/08/etica2.jpg 253 482 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-08-05 16:35:112022-08-05 16:39:41Crônica Rogério Gava: A Ética Nossa de Cada Dia
ARTIGOS, DESTAQUES DO DIA

Rogério Gava: Quem sustenta a Sustentabilidade?

Por Rogério Gava

 

As coisas do interesse de todos quase sempre não interessam a ninguém.
Millôr Fernandes (1923-2012)
Escritor e cartunista brasileiro

 

Sustentabilidade virou palavra da moda (como dizem os americanos, uma buzzword). Está em todas as bocas e discursos. Mas, sabemos, entre o discurso e a prática cabe o Himalaia. Faço o mea culpa. Ando de carro. Produzo lixo. Também sou responsável. Todos nós somos. Toda a sociedade. Não há inocentes na degradação do planeta. Para produzir um hambúrguer são necessários três mil litros de água. Nove mil para produzir um frango. Uma única viagem de avião de longa distância queima cem toneladas de combustível. Em quarenta anos serão quase sete bilhões de veículos motorizados em todo o mundo. Sentiu o drama? E então, o que fazer?

A verdade é que todos nós contribuímos para a deterioração do planeta. Levante o braço quem se julga isento de culpa nesse sentido. Isso, contudo, nada mais ilustra do que uma faceta inequívoca da índole humana: a natureza contraditória que habita o ser de todos nós. Sabemos o que é nocivo – e não importa se no âmbito social, psicológico, econômico ou ecológico -, mas o que mais fazemos, tantas vezes, é correr em sua direção. A humanidade sempre tenta desviar daquilo que lhe parece ser “o mal”, mas cedo ou tarde sempre acaba enfrentando os “monstros” de sua própria criação. A questão do meio-ambiente – tão na pauta que já não mais se sabe mais onde termina a preocupação legítima e começa a exploração mercantilista do tema – vê-se às voltas, então, com os conflitos gerados por esta característica tão peculiar do chamado homo sapiens (ou, como queria Edgar Morin, não seria demens?).

A equação da sustentabilidade é deveras complicada. Engana-se quem se ilude com discursos românticos. Ecologia sem pé na realidade é conto de fadas. E contos de fadas são para crianças. No mundo real, o fato é que a sustentabilidade lida com três “Es” de difícil acomodação: Ecologia, Economia e Emprego. Estamos crescendo em um ritmo suicida. Mas precisamos produzir, crescer e gerar empregos. Qual a saída? Parar de produzir e consumir? Não faremos isso, pelo simples fato de que necessitamos de produção e consumo para sobreviver. De empregos. A economia também corre em nosso sangue. Esse mesmo sangue que escorre a cada metro quadrado de floresta devastada.

Serei simplista, eu sei, mas me arrisco a dizer que temos apenas duas saídas a esse dilema: Tecnologia e mudança de comportamento. Energia eólica, das ondas do mar, solar, fotossíntese artificial, dessalinização dos oceanos. E, mais importante: consumir menos e de forma mais adequada. Transporte coletivo. Repare em um engarrafamento: em cada carro uma pessoa. Deveríamos estar todos dentro de um ônibus. Ou trem. Movidos a energia solar.

Gastar menos água, menos luz. Mudar nossos hábitos alimentares. Ir de bicicleta para o trabalho. Racionalizar nossas viagens. Não será fácil. Pelo simples fato de que tudo isso implica em comprar menos; vender menos; gerar menos; ganhar menos dinheiro, portanto. E onde o vil metal entra em cena…nem precisa comentar.

O problema está posto e não é pequeno! Aliás, ele é gigantesco! E não será superado sem dor, não nos iludamos. Mas precisamos superá-lo. Para o nosso bem e o de nossos filhos e netos. Resta-nos descobrir como.
Antes que seja tarde demais.

 

Imagem: Reprodução

15 de julho de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/07/sustentabilidade-ambiental.jpg 630 1016 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-07-15 15:33:272022-07-15 15:33:27Rogério Gava: Quem sustenta a Sustentabilidade?
ARTIGOS

Rogério Gava: O Ovo e a Vida

Por Rogério Gava

O prezado leitor e a caríssima leitora provavelmente já cozinharam um ovo. Pois é, essa é tida como uma tarefa culinária básica, daquelas que integram o “abc” da boa cozinha. O ditado “ele não sabe nem cozinhar um ovo”, em alusão a alguém que não tem nenhuma habilidade com as panelas, é conhecido. Essa máxima, no entanto, passa a ideia equivocada de que cozinhar um ovo é algo fácil e trivial. Será? Pergunte a qualquer chef ou cozinheiro experiente e ele lhe dirá a simples verdade: cozinhar o “ovo perfeito” requer muita técnica, treino e prática.

Lembra daquele ovo que ficou muito seco, a gema com textura de areia e a clara borrachuda? Pois é, cozinhou demais. E aquele outro, que cozinhou pouco e ficou com a gema escorrendo? E o que dizer daquele contorno esverdeado que às vezes aparece ao redor da gema, dando ao ovo uma aparência de estragado? (Fui ler e aprendi que é resultado da cocção excessiva, que provoca a formação de sulfeto de ferro, olha só…). Finalmente, a penosa tarefa de descascar o ovo cozido. Às vezes, sai à perfeição; noutras, pedaços duros da clara ficam grudados à casca, e ao final o pobre ovo mais parece um asteroide crivado de buracos.

Acontece que cozinhar um ovo, como tudo na vida, tem a sua ciência e arte. Ciência no sentido de que há um método para se fazer; arte, significando que a prática aprimora o talento, e o talento torna as pessoas experts. Fazer bem feito é uma mescla desses dois ingredientes.

Voltemos ao ovo: em primeiro lugar há o tempo e a temperatura do cozimento. Por quanto tempo, afinal, um ovo deve ser cozido? E a quantos graus? Aqui temos um primeiro paradigma: o “modelo dos dez minutos a cem graus”. É praticamente um senso comum a ideia de que se deve ferver o ovo por dez minutos. Mas, quem disse isso? E baseado em que fatos? Por que não 7 minutos a 90 graus Celsius? Ou 8 minutos a 85°? E faz alguma diferença colocarmos o ovo na água fria ou quente? E se o virarmos com uma colher enquanto ele esquenta? Ou é melhor deixá-lo quietinho, boiando ao sabor das ondas?

Comecei a pensar em como essa história do ovo tem a ver com a maneira como vivemos. Se, afinal de contas, a maioria de nós não domina os critérios para um cozimento eficaz de um ovo, por que não procuramos sabê-lo? Ao invés disso, continuamos a cozinhar da maneira que achamos que é a correta. Pelo simples fato de que sempre fizemos assim. Nos disseram que assim era e acreditamos.

Eu não sabia, por exemplo, que a temperatura ideal para se cozinhar um ovo fica entre 60° e 75°, dependendo da consistência que desejarmos. Que o tempo de cocção dependerá do tipo de ovo que estamos querendo preparar. E até mesmo o material da panela, a quantidade de água e a espécie de ovo (caipira, industrial, jumbo, pequeno, etc.) vão influenciar o resultado. Aliás, eu não sabia que o ato de cozinhar um simples ovo dependesse de tantas variáveis. Bem distante do reducionista e paradigmático “dez minutos a 100°C”. Pesquise no Google e você verá.

Moral da história: nem tudo o que é simples é fácil. Simplicidade não é sinônimo de facilidade. Seja na culinária ou na vida. E sempre temos o que aprender.

O ovo, coitado, que o diga.

29 de junho de 2022/0 Comentários/por Kátia Bortolini
https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2022/06/maxresdefault.jpg 352 567 Kátia Bortolini https://www.integracaodaserra.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Integracao.png Kátia Bortolini2022-06-29 17:02:552022-06-29 17:02:55Rogério Gava: O Ovo e a Vida
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