Evento mostrou que as empresas precisam olhar para economia, geopolítica, posicionamento de marca e relações humanas
Dos movimentos geopolíticos e econômicos ao posicionamento de marca, tudo está cada vez mais conectado pelas relações humanas. Essa foi uma das mensagens mais marcantes deixadas pelos palestrantes do 33º Congresso Movergs, realizado em Bento Gonçalves na terça-feira, 14 de outubro.
Em sua mensagem de boas-vindas, o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Euclides Longhi, destacou a força do setor moveleiro gaúcho e celebrou a presença dos mais de 360 participantes. “Parabéns por saírem das suas empresas para estarem no Congresso. Aqui estão mentes que movem o futuro. Aqui estamos nós, que buscamos informação para fazer a diferença”, disse.
O circuito de palestras iniciou com o economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, que apresentou um panorama da economia e indicadores do mercado – relacionando-os ao contexto do setor industrial. “Tanto o índice de incerteza política quanto o índice de incerteza comercial nunca estiveram em nível tão elevado. O Brasil já estava acostumado com um cenário de dificuldades, mas agora a gente vê as turbulências acontecendo em outros países. A nova era do mercado mundial é algo que nós, como empresas, não conseguimos afetar. Temos que tomar como dado e saber como melhor navegar”, destacou. Quanto às projeções para 2025, Baggio prevê aumento de 2,1% no PIB brasileiro e de 1,8% no PIB gaúcho.
Com uma apresentação repleta de provocações, o cientista político Professor HOC alertou sobre a importância de as empresas considerarem a geopolítica nas suas estratégias – especialmente no que tange às parcerias comerciais. “Poucas empresas trazem o conhecimento sobre geopolítica para sua tomada de decisão. Negócios podem estar expostos a riscos dos diferentes países e mercados. Se a gente ficar fixo na visão só econômica, nós não vamos entender o que está acontecendo no mundo”, frisou HOC. “Até mesmo uma decisão racional, que a gente acha que é puramente econômica, está subjugada à política e é muito importante compreender que a economia não está separada da política e da geopolítica”, completou.
O 33º Congresso Movergs também trouxe discussões sobre posicionamento de marca e comportamento do consumidor. Trazendo um case de sucesso, o CMO da Vulcabras, Márcio Callage, apresentou o case da Olympikus – marca que se tornou a mais utilizada pelos corredores brasileiros. “A gente precisa entender da sociedade em que vive para construir mensagens. Precisa entender de gente. Marca que ignora cultura e foca só no seu produto perde espaço”, afirmou. “Não existe business to business e business to consumer. O trabalho que a gente vem construindo [na Olympikus] e conquistando um grande sucesso é baseado na ideia de que tudo é humano. As relações são humanas entre empresas, consumidor final, fornecedores e parceiros”, completou Callage.
A valorização das pessoas é uma das estratégias mantidas pela Vulcabras que colaboram para o bom momento da companhia, que, além da Olympikus, é detentora das marcas Mizuno e Under Armour. No segundo trimestre de 2025, reportou R$ 1,043 bilhões de receita bruta, com margem líquida de 39,5%.
Quem encerrou a programação do 33º Congresso Movergs foi Carlos Ferreirinha – especialista em mercado de luxo, varejo e comportamento de consumo. “É muito difícil entendermos os próximos meses, próximos anos, se não entendermos claramente onde estávamos e onde estamos. Estamos em profundas mudanças jamais vistas, no ritmo mais acelerado da história. As dinâmicas e transformações que ocorreram nos últimos 25 anos são maiores do que todas as mudanças do século. Precisamos entender outras perspectivas e possibilidades. Informação empodera. Temos que incrementar capacidades que empoderam o que fazemos”, resumiu.
Foto: professor HOC – Divulgação Movergs
