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Com poucas chuvas, rios no RS e em SC apresentam níveis abaixo da média para o período do ano

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) monitora, em tempo real, os níveis dos rios em 46 estações hidrológicas, distribuídas nos estados do RS e SC. Desse total aproximadamente 67% se encontram com permanência de níveis abaixo de 90%, ou seja, nestes locais, pode-se dizer que a gestão dos recursos hídricos está comprometida para irrigação ou para abastecimento humano. O monitoramento abrange 94 rios, 29 em SC e 67 no RS.

Os dados estão sendo disponibilizados semanalmente, desde o início do mês de fevereiro, por meio do Boletim de Monitoramento Especial da Estiagem no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O intuito é medir estes valores mínimos da vazão em rios da região, apresentar a evolução da estiagem nos dois estados e utilizar estes registros como base em futuros estudos de disponibilidade hídrica.

Além dos dados das estações hidrometeorológicas automáticas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, as equipes de hidrologia de campo do SGB-CPRM mediram os menores valores de vazão líquida das séries históricas em 12 estações de monitoramento.

A gestão de recursos hídricos preconiza outorgas baseadas na vazão de referência de 90% (Q90). Por exemplo, se a Q90, de um determinado rio é 10 m³/s, isso significa que durante 329 dias do ano, (90%) dos dias, a vazão naquele rio é maior ou igual a 10 m³/s.

Figura 01: Mapa das estações de monitoramento cobertas pelo boletim especial

Segundo a terceira edição do boletim, emitido nesta sexta-feira (18), a tendência geral segue sendo de redução no nível dos rios em ambos os estados. Comparando os dados de nível com a média observada na mesma época do ano, o nível está, em grande parte das estações, abaixo da média para o período. A tendência é que o nível dos rios siga decrescendo por conta da baixa pluviosidade prevista para os próximos dias.

Os dados de vazão medidos desde o início do ano ultrapassaram a mínima histórica medida nas estações de Itapiranga (em Itapiranga, no rio Uruguai), Cascata Buricá (em Horizontina, no rio Buricá), Ponte Nova do Potiribu Jusante e Conceição (em Ijuí, nos rios Potiribu e Conceição), Colônia Mousquer (em Santo Ângelo, no rio Ijuizinho), Passo Santa Maria (em Bossoroca, rio Piratini), Itaqui (em Itaqui, no rio Uruguai), Fazenda São Jorge (em Santana da Boa Vista, no rio Negro), Linha Gonzaga (em Caxias do Sul, no rio Caí), São Leopoldo (em São Leopoldo, no rio dos Sinos), Costa do Rio Cadeia (em São Sebastião do Caí, no rio Cadeia e Passo do Mendonça (em Cristal, no rio Camaquã). No município de Bossoroca, a vazão foi a mais baixa medida em campo desde 1972 e, em Ijuí, desde 1956. A situação da região do baixo rio Uruguai apresenta níveis críticos.

Estação Município DADOS HISTÓRICOS DADOS MEDIDOS EM CAMPO 2022
Rio Data Nível mínimo medida (cm) Vazão no nível mínimo medido (m³/s) Data Nível medido (cm) Vazão no nível medido (m³/s)
Itapiranga Uruguai Itapiranga – RS 14/03/2020 66 454 17/01/2022 34 210
Cascata Buricá Buricá Horizontina – RS 21/01/2012 222 8,28 24/01/2022 213 4,93
Ponte Nova do Potiribu Jusante Potiribu Ijuí-RS 15/06/2012 49 2,09 10/02/2022 45 1,34
Conceição Conceição Ijuí – RS 26/11/1956 43 4,11 21/01/2022 40 1,95
Colônia Mousquer Ijuizinho Santo Ângelo – RS 22/03/2012 37 62,6 11/02/2022 22 4,18
Passo Santa Maria Piratini Bossoroca – RS 23/02/1972 90 6,52 16/02/2022 89 4,7
Itaqui Uruguai Itaqui – RS 30/04/2012 -6 486 04/02/2022 -9 517
Fazenda São Jorge Negro Santana da Boa Vista -RS 03/02/2020 173 0,46 03/02/2022 146 0,12
Linha Gonzaga Caí Caxias do Sul – RS 13/09/2017 55 3,52 05/01/2022 44 1,35
Costa do Rio Cadeia Cadeia São Sebastião do Caí – RS 17/05/2012 55 1,11 12/01/2022 48 1,29
São Leopoldo Dos Sinos São Leopoldo – RS 31/01/2000 49 14,4 14/01/2022 37 9,14
Passo do Mendonça Camaquã Cristal – RS 21/01/2005 52 26,1 19/01/2022 46 37,5

O Boletim de Monitoramento Especial da Estiagem no Rio Grande do Sul e Santa Catarina é fruto de uma parceria entre o SGB-CPRM e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para a gestão da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), que já opera os Sistemas de Alerta Hidrológico (SAH) desde 1989. As informações contidas nos documentos devem ser utilizadas por instituições públicas e privadas para suporte e tomada de decisões.

Imagem: Divulgação

Kátia Bortolini: